segunda-feira, 8 de junho de 2009

REDUÇÕES JESUÍTAS, ACULTURAÇÃO INDÍGENA E EXPULSÃO DOS PADRES DA COMPANHIA DE JESUS. " Enfoque sobre o Filme a Missão"


Um enfoque explanado no filme "A Missão" se apresenta na ação evangelizadora dos padres jesuítas com o objetivo de promover a catequização dos indígenas, na América do Sul, e transmitir-lhes a cosmovisão européia.
Os jesuítas eram padres da Igreja Católica que faziam parte da Companhia de Jesus. Esta ordem religiosa foi fundada em 1534 por Inácio de Loyola. A Companhia de Jesus foi criada logo após a Reforma Protestante (século XVI), como uma forma de barrar o avanço do protestantismo no mundo. Os principais objetivos dos padres jesuítas se resumiam em: Levar o catolicismo para as regiões recém descobertas, no século XVI, principalmente América; Catequizar os índios americanos, transmitindo-lhes as línguas portuguesas e espanholas, os costumes europeus e a religião católica; Construir e desenvolver escolas católicas em diversas regiões do mundo.
Os aldeamentos organizados e administrados pelos jesuítas eram denominados "missões" ou "reduções".
"As reduções jesuíticas se estruturavam em forma de vilas; no centro do aldeamento, em volta de uma praça quadrada, erigia-se a igreja e a moradia dos padres, em geral eram as construções mais ricas. A escola, o armazém geral, a casa de hóspedes e a casa das moças eram mais pobres e os alojamentos indígenas consistiam de longos edifícios de pau-a-pique ou adobe, abertos para uma varanda coberta." (DAVIDOFF, 1994, p. 42).
A utilização produtiva da terra, nos aldeamentos, era feita através da divisões de lotes, nos quais as famílias indígenas trabalhavam a fim de obter o seu sustento. Esses lotes eram conhecidos como abambaé (parte das pessoas). No entanto, os melhores lotes eram os tupambaé (parte de Deus), onde os indígenas deveriam trabalhar por dois dias durante a semana. Nesses lotes se empregava o trabalho coletivo e o produto gerado se destinava a manutenção de padres e demais funcionários, os que, de alguma forma, necessitavam do trabalho coletivo para serem sustentados. Os produtos gerados nos lotes tupambaé eram, também, negociados pelos padres para a obtenção de artigos de que as reduçõe necessitavam.
A estrutura econômica se baseava, fundamentalmente, na organização do trabalho coletivo, cujos frutos se revertiam para a comunidade, que os utilizava segundo o preceito cristão da partilha de bens.
A ação dos jesuítas é duvidosa com relação questão indígena, pois se em uma perspectiva se posicionavam contra a escravidão indígena, agindo com o objetivo de difundir a fé cristã , promover a convers o dos nativos, introduzir o principio de civilidade e ordem, além de moderar seus hábitos considerados anticristãos, sob outra ótica, as missões serviam como mais um, "forte", instrumento do colonialismo, pois confinavam os índios em aldeamentos, interferindo, significativamente, em sua cultura, substituindo suas crenças pelos ritos católicos, além de impor uma nova cultura (cultura européia) em detrimento de suas tradições; mesmo quando preservados os costumes dos silvícolas, esses eram adaptados para servir ao propósito do colonizados, nesse caso, os próprios padres jesuítas.
No referido filme "A Missão" o enfoque dado aos padres jesuítas é o de benfeitores quanto colonização empreendida por eles. Essa perspectiva, a qual elege os padres jesuítas como "bons samaritanos" é singular no filme e, o papel jesuíta com relação interferência cultural que promoveram é preterido e, mesmo quando se evidencia é camuflado por aspectos positivos.
Outro ponto que se destaca no filme se apresenta na chegada dos colonos (bandeirantes) s reduções jesuíticas. Estes colonos tinham o objetivo de se apoderar dos índios cativados, para mão-de-obra, como também, das excelentes posses dos padres inacianos.
As reduções jesuítas representavam excelentes alvos para os bandeirantes colonizadores, pois ao invés de aventurar-se pelos sertões, era preferível apanhar os índios (escravos) nas reduções jesuítas, onde já estavam iniciados na arte da paz, como também, habituados ao trabalho. Esses índios representavam, desse modo, escravos de qualidade superior dos que se refugiavam nas matas, além do fato de as missões representarem excelentes estabelecimentos, devido suas criações e plantações, o que despertava a cobiça e a ganância dos colonizadores.
Principalmente ao longo do século XVII aumentaram os conflitos entre os colonos, jesuítas e indígenas, o que se justifica devido a dois fatores principais: O primeiro fator, a união entre Portugal e Espanha sob domínio dos Felipes da Espanha, período esse conhecido como União Ibérica, o que facilitou as incursões portuguesas no território espanhol. O segundo fator foi a desorganização do mercado português de escravos africanos, no início do século XVII, por parte da Holanda.
Com os impedimentos colocados pelos holandeses ao abastecimento de negros para os vários pontos do litoral brasileiro, a falta da mão-de-obra negra foi sensivelmente sentida, logo, resultou na busca de mão-de-obra local, isto é, índios. Esses índios escravos serviam como mão-de-obra nos empreendimentos portugueses, como também, moeda lucrativa para negociação com os países que sofriam com a carência. Nesse pressuposto, as reduçãoes jesuítas representavam uma fonte "generosa" e "proveitosa" de abastecimento. As missões, como conseqüência, passaram a ser, cada vez mais, atacadas pelos colonizadores, e cada vez de forma mais impetuosa.
Em 1759 Através do Alvará Régio de 03 (tr s) de setembro e da Carta Régia de 4 de outubro, incentivado pelo Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Rei D. José I, determinou a expulsão dos jesuítas de todos os domínios portugueses, tendo seus bens sido inventariados e seqüestrados para serem incorporados ao erário real. A ordem jesuítas foi acusada pela tentativa de criar um estado autônomo revelia da coroa. Primeiramente, foram expulsos de Portugal e, subsecutivo por outros países. Essa expulsão se justifica pelo fato das cortes européias se "nortearem" pelas idéias iluministas: liberdade, igualdade e fraternidade, princípios esses que se opunham aos ensinamentos e influências da Companhia de Jesus, o que camufla o interesse das cortes de se apoderar das possess es dos padres jesuítas.



BIBLIOGRAFIA
A MISS O (The Mission, ING). Direç o de Roland Joffé. Flashstar, 1986 (121 min.). Legendado. Port.
ARANHA, M. L. de A. História da Educaç o. S o Paulo: Moderna, 1996.
DAVIDOFF, Carlos. Bandeirantismo: verso e reverso. S o Paulo: Brasiliense 8ª ed, 1994.
Wikipédia. Enciclopédia Livre. Disponível em: http:// www.wikipédia.org. Acesso em 30 - 04- 2009, s 18h53min + http://www.suapesquisa.com/religi osociais/jesuias/html.

Nenhum comentário:

Postar um comentário