quarta-feira, 24 de junho de 2009

IDADE MODERNA

A burguesia se fortalece

  • No século XVII, ainda persistem as contradições decorrentes do processo de decomposição da ordem feudal e da ascensão da burguesia, com a conseqüente implantação do capitalismo;
  • Intensifica-se o comércio, a colonização assume características empresariais, e a Europa é inundada pelas riquezas extraídas da América;
  • A nova ordem se consolida com o mercantilismo, sistema que supõe o controle da economia pelo Estado e que resultou da aliança entre reis e burgueses;
  • À medida que a burguesia se fortalece, surgem as sementes do liberalismo, perceptíveis nas críticas ao excessivo controle estatal da economia e no questionamento da legitimidade do poder real;
  • Final do século XVII, a revolução Gloriosa (1688) liquida o absolutismo e instaura a monarquia constitucional na Inglaterra;
  • O intérprete das idéias políticas liberais é o filosofo inglês John Locke (1632-1704). “O liberalismo é uma teoria que exprime os anseios da burguesia”;
  • Um dos aspectos progressistas do pensamento liberal reside na origem democrática e parlamentar do poder político, determinado pelo voto e não mais pelas condições de nascimento, como na nobreza feudal.


Características do pensamento moderno

  • Desde o Renascimento, o homem começa a opor ao critério da fé e da revelação, a capacidade de discernir, distinguir e comparar, própria da razão;
  • Desenvolve a mentalidade crítica, substitui o dogmatismo pela possibilidade da dúvida, questiona a Igreja e a filosofia aristotélica, rejeita o princípio da autoridade;
  • Esse processo representa a tendência antropocêntrica, ou seja, o resgate da dimensão humana sob todos os aspectos;
  • Filósofos como Descartes, bacon, Locke, Hume, Spinoza discutem a teoria do conhecimento e ocupam-se com o problema do método, isto é, com os procedimentos da razão na investigação da verdade;
  • Método significa direção, caminho para um fim, instrumento que permite a construção do conhecimento;
  • Enquanto o racionalismo de Descartes prioriza a razão, na consciência, como ponto de partida de todo conhecimento; Locke desenvolve uma concepção empirista, afirmando que nada está no espírito que não tenha passado primeiro pelos sentidos;
  • Renascimento científico – expressão da ordem burguesa.

A “crise da consciência européia”

  • No século XVII acontece uma revolução espiritual que já foi chamada de crise da consciência européia. Ao opor à ciência contemplativa um saber ativo, o homem não se contenta em apenas “saber por saber”, mas deseja “saber para transformar”.

O realismo na pedagogia

  • No século XVII, as idéias advindas do racionalismo e do renascimento científico influenciam os pedagogos, cada vê mais interessados pelo método e realismo em educação;
  • A principal tendência é a busca de métodos diferentes a fim de tornar a educação mais agradável e ao mesmo tempo eficaz na vida prática;
  • Nas escolas a língua materna se sobrepõe ao latim, apesar de persistir o ideal enciclopédico. A educação física também é valorizada.

Comênio: “ensinar tudo a todos”

  • “Se há método para conhecer corretamente, deverá haver para ensinar de forma mais rápida e mais segura” – João Amós Comênio (1592-1670), nascido na Morávia, maior educador e pedagogo do século XVII. Produz uma obra fecunda e sistemática, cujo principal livro é “Didática magna;
  • Comênio prende tornar a aprendizagem eficaz e atraente mediante cuidadosa organização de tarefas;
  • O ponto de partida da aprendizagem é sempre o conhecido, indo só simples ao complexo, só concreto para o abstrato;
  • O ensino deve ser feito pela ação e está voltada para a ação “Só fazendo a prendemos a fazer”;
  • Em consonância com o espírito do seu tempo, Comênio quer “ensinar tudo a todos”. Atingir o ideal da pansofia ou sabedoria universal, no entanto não significa erudição vazia;
  • “A educação permite ao aluno pensar por si mesmo, não apenas como “simples espectador, mas ator” Só assim há progresso, intelectual, moral e espiritual capaz de aproximar o homem de Deus.

    Locke: a formação do gentil-homem

  • Embora vivendo no século XVII, o inglês John Locke exerceu influencia muito grande nos séculos seguintes por causa das concepções sobre o liberalismo e o conhecimento;
  • Ao criticar o racionalismo de Desacates, Locke desenvolve uma concepção da mente infantil e da educação;
  • Locke valoriza a educação física, e sendo médico e de saúde frágil, dá inúmeros conselhos para o fortalecimento do corpo, o aumento da resistência e o autodomínio;
  • Para Locke, os fins da educação se concentram no caráter, muito mais importante que a formação apenas intelectual, embora esta não deva ser absolutamente descuidada;
  • Propõe o tríplice desenvolvimento físico, moral e intelectual, característico do gentleman,o gentil-homem;
  • Ao contrario de Comênio, Locke não defende a universalização da educação. Para ele, a formação dos que irão governar e daqueles que serão governados deve ser diferente, configurando assim o aspecto elitista da sua pedagogia.

Fénelon: a educação feminina

  • Fénelon (1615 -1715) bispo – retoma a educação feminina;
  • Recomenda, para elas, uma educação alegre, baseada mais no prazer que no esforço, para que as moças adquiram instrução geral: gramática, poesia, história e leitura selecionada de obras clássicas e religiosas;
  • Só as moças de tendências excepcionais seriam encorajadas a continuar os estudos. Para as demais é reservada a educação religiosa e moral.

A educação religiosa

  • No século XVII, os esforços para institucionalizar a escola, iniciados no século anterior, se aperfeiçoam com a legislação referente à obrigatoriedade, aos programas, níveis e métodos;
  • O monopólio do ensino ainda pertence à Companhia de Jesus – século XVIII mais de 600 colégios espalhados pelo mundo. Apesar de organizados e competentes, os jesuítas representam o ensino tradicional e mais conservador;
  • Outras congregações religiosas desenvolvem um trabalho mais adequado ao espírito moderno, como os oratorianos, da Congregação do Oratório, fundada em 1614;
  • Os jansenistas constituem outro grupo que também se opõe ferrenhamente aos jesuítas - organizam as famosas “pequenas escolas”, que em breve tempo desempenham papel importante na formação de líderes para a Igreja e o Estado;
  • Inspirados por Jansênio consideram a natureza humana intrinsecamente má e retomam os temas agostinianos da graça e do pecado;
  • Inspirados pelo método cartesiano, os jansenistas só passam para o desconhecido por meio do já conhecido e nada ensinam que não possa ser compreendido pela mente em formação da criança.


As academias

  • As academias do século XVI, não são escolas institucionalizadas, mas visam atender aos interesses da nobreza na formação cavalheiresca de seus filhos;
  • Devido ao progresso da ciência e ante a decadência das universidades (exceto as da Alemanha) surgem as academias cientificas, nas quais os cientistas se associam para a troca de experiências e publicações.

A educação pública

  • No Renascimento, por inspiração da Reforma as escolas da Alemanha buscavam a universalização do ensino elementar como forma de propagar a fé religiosa; - No século XVII, persiste essa tendência em oposição ao ensino dos jesuítas, tradicionalmente centrado no nível secundário e, portanto mais elitista;
  • Em 1619 o Ducado de Weimar regulamenta a obrigatoriedade escolar para todas as crianças de seis a 12 anos; - Em 1642 o duque de Gotha estabelece leis para a educação primária obrigatória;
  • Na França, ainda dentro do ideal da escola pública e gratuita destaca-se o trabalho do abade Charles Démia (1636-1689), que publica um livro defendendo a educação popular;
  • Ainda na França, outra tentativa importante de instrução elementar gratuita para os pobres é levada a efeito por São João batista de La Salle, que em 1684 funda o Instituo dos irmãos das Escolas Cristãs. Sua obra espalha-se nos séculos seguintes pelo mundo, ampliando a área de ação pedagógica para o ensino secundário e superior e também para a formação de professores.

BIBLIOGRAFIA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna. 2ª ed, 1996

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